As plantas tornaram-se uma alternativa limpa e renovável para enfrentar a falta de energia elétrica na parte da floresta amazônica no Peru graças a uma invenção que aproveita seu potencial para iluminar as casas de uma das regiões mais pobres do país.
As plantas tornaram-se uma alternativa limpa e renovável para enfrentar a falta de energia elétrica na parte da floresta amazônica no Peru graças a uma invenção que aproveita seu potencial para iluminar as casas de uma das regiões mais pobres do país.
O programa “Ilumina la Selva – Planta Lámpara” (“Ilumine a Selva – Planta Lâmpada”, em tradução livre) foi criado pelos pesquisadores da Universidade de Engenharia e Tecnologia de Lima (UTEC) e gera duas horas de luz por dia por meio de uma bateria que recolhe e transforma em energia elétrica os nutrientes liberados na terra por uma planta média durante a fotossíntese.
“O projeto nasceu com o objetivo de fornecer uma fonte de luz elétrica limpa às pessoas através dos recursos de seu entorno”, afirmou à Agência Efe o responsável pela pesquisa e professor da UTEC, Elmer Ramírez.
A novidade foi desenvolvida na cidade de Nueva Saposoa, uma comunidade indígena de 173 habitantes da etnia shipibo-conibo, na região amazônica de Ucayali. Atualmente, 42% da população rural da selva não possui eletricidade, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Informática (INEI).
“Apesar de já ter estudado sobre a existência de eletricidade na terra, produto da interação com as plantas, nós passamos da teoria à prática”, explicou Ramírez, que comandou uma equipe de sete professores e oito alunos que trabalhou durante quatro meses nessa criação.
Para dar esse salto, os pesquisadores tiveram que definir o espaço de terra necessário para alimentar a bateria dentro de um vaso de madeira, além de selecionar uma lâmpada LED de alta eficiência e baixo consumo.
Um dos integrantes do projeto era o estudante de Engenharia da Energia Marcello Gianino. Ele lembrou que quando contava às pessoas como funcionava a invenção, elas ficaram espantadas porque não acreditavam que a vegetação pudesse gerar luz.
“Foi uma experiência comovente poder levar não só luz, mas mudar radicalmente a vida dessas pessoas”, revelou.
Para os moradores de Nueva Saposoa, ficaram para trás os isqueiros e as lamparinas com combustível tóxico, além dos dias em que as atividades deveriam acabar cedo, pois não podiam para continuar sem a luz do Sol.
Agora, com as “planta lámparas”, os adultos podem trabalhar por mais horas, o que tem resultados diretos na economia da região, e as crianças ganharam mais tempo para estudar e fazer deveres escolares.
A fácil manutenção do projeto deixou aberta a possibilidade de levar luz às áreas mais pobres do Peru e mudar a vida de um grande número de pessoas. Por esse motivo, os pesquisadores estão empenhados em aperfeiçoar a invenção e reduzir seus custos de fabricação para tornar o equipamento mais acessível. Adequar a “planta lámpara” às características ambientais de cada uma das regiões envolverá também o desafio de adaptar o protótipo a solos, águas e plantas diferentes.
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