As organizações não-governamentais presentes em Paris fizeram ressalvas às limitações do acordo do clima aprovado neste sábado (12) em Paris, mas não conseguiram deixar de se contaminar pela onda de otimismo que o acordo selado gerou.
As organizações não-governamentais presentes em Paris fizeram ressalvas às limitações do acordo do clima aprovado neste sábado (12) em Paris, mas não conseguiram deixar de se contaminar pela onda de otimismo que o acordo selado gerou.
O acordo determina que seus 195 países signatários ajam para que temperatura média do planeta sofra uma elevação “muito abaixo de 2°C”, mas “reunindo esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C”.
Pelos corredores do centro de convenções de Le Bourget, onde o encontro foi realizado, viu-se muita gente cantando, chorando e comemorando. Pesquisadores de centros de pesquisa social, que na sexta-feira reclamavam do sumiço das metas de longo prazo no acordo, no sábado já falavam em “decisão histórica”.
O Greenpeace, que se instalou dentro do centro de imprensa na COP 21 com um grupo de ativistas de diversos países, comemorou a assinatura do acordo como um gol.
“O que vimos aqui foi um novo movimento realmente ganhando força”, afirmou Kaisa Kosonen, analista de políticas de clima do Greenpeace. “O acordo do clima em si não vai nos salvar da mudança climática, mas se juntarmos nossas forças ao redor do mundo e fizermos isso acontecer, podemos melhorar as metas de corte de emissões atuais que temos.”
“Em Paris, o mundo entregou uma mensagem clara de que está unido nessa determinação”, afirmou Jennifer Morgan, diretora do programa de clima da ONG de pesquisa World Resources Institute. “Podemos aproveitar esse momento agora, mas há pouco tempo para relaxar. Os líderes mundiais precisam aproveitar o impulso criado em Paris e se moverem rápido para descarbonizar a economia.”
Manifestações – Logo após a aprovação do acordo, representantes de países continuaram falando na plenária, mas muitos ativistas deixaram o centro de convenções e se dirigiram à Torre Eiffel e ao Arco do Triunfo, onde manifestações estavam sendo realizadas.
Alguns grupos fizeram manifestações anti-COP 21, por considerarem o processo da ONU uma imposição imperialista, mas não se destacaram em meio ao clima de festa.
ONGs brasileiras também tiveram presença marcante na COP 21, algumas cobrando de perto ações da delegação do governo brasileiro.
Falta de clareza – Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, afirma que apesar de o acordo ainda não ter dado um sinal claro de descarbonização no longo prazo, o essencial para conter o aumento da temperatura a 1,5°C, a assinatura do acordo na COP 21 é um marco histórico.
“Não tem no texto do acordo ainda a clareza do caminho que a gente precisa seguir, mas tem os elementos que são pilares importantes”, diz. “Com essa referência a 1,5°C, por exemplo, nós da sociedade civil podemos voltar para casa e cobrar ajuste na INDC [promessa de redução de emissão] do Brasil.”
Para ele, a mensagem dada em Paris é de importância para o setor privado também. “Essa trajetória para onde a gente está seguindo não tem volta, não tem escapatória e quem ficar para trás e achar que só tem que mexer nas suas políticas e investimentos lá na frente vai pagar um preço maior”.
Fonte: Agência Brasil
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