Iniciativa é realizada em parceria entre Campo Bom e Pró-Sinos
Nesta quinta-feira (17), no Dia Estadual de Preservação e Conscientização da Importância da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, a boa notícia é que Campo Bom e o Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) firmaram uma parceria para realizar monitoramento periódico no Sinos.
Além da qualidade da água, as vistorias terão o objetivo de mapear os pontos de erosão e ausência de mata ciliar, de descarte irregular de lixo, entre outros possíveis problemas ambientais.
As primeiras amostras foram analisadas ontem por meio de uma sonda de parâmetros. A equipe realizou análises em quatro pontos estratégicos, entre Campo Bom e São Leopoldo. Segundo a técnica ambiental do Pró-Sinos, Michele Silva, como o rio estava cheio por conta das chuvas dos últimos dias, os resultados foram considerados razoáveis. Mas nem tudo é para comemorar. Desde 2013, o departamento de laboratório da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não coleta os dados para ser analisada a qualidade das águas.
Diante disso, em fevereiro deste ano, o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográficado Rio dos Sinos (Comitesinos) ingressou no Ministério Público pedindo que o monitoramento seja realizado. Conforme a Fepam, através de sua assessoria de imprensa, a fundação deixou de fazer o monitoramento em 2013 em função de problemas estruturais no prédio do laboratório.
No entanto, a fundação está trabalhando em um convênio com a Agência Nacional das Águas que permitirá a retomada do monitoramento no Sinos este ano, mas ainda sem data definida.
Sistema de esgoto e mata ciliar são necessários
Conforme o representante do Movimento Roessler, no Comitesinos, Arno Kayser, o Rio dos Sinos está em estado de estresse permanente.
“É só ter um período de secas para o rio apresentar problemas ou ter uma chuva muito violenta para ele receber uma carga extra de poluição”, destaca.
Por isso, ele acredita que existem dois problemas que devem ser acompanhados de perto na busca de soluções. Um é o tratamento de esgoto e o outro a mata ciliar. No primeiro caso, ele diz que se pelo menos 50% do esgoto fosse tratado provavelmente os problemas não seriam expressivos.
No entanto, até o ano passado, Kayser disse que apenas 5% dos municípios tinham o tratamento. “Soubemos que há obras de implantação, mas os cidadãos também precisam exigir essas ações do poder público e das companhias de esgoto e, é claro, ligar a sua residência a esse sistema para que ocorra realmente o tratamento”, frisa.
A outra questão – a falta de mata cicliar – é um problema grande, na visão de Kayser. Segundo ele, já existe a ação, realizada pelo Projeto VerdeSinos, que busca a recomposição da mata ciliar da bacia do Rio dos Sinos. Ele destaca que é preciso fazer isso para controlar a degradação do solo nas proximidades do rio.
Condições do rio
A sonda avaliou a quantidade de oxigênio, a acidez e a temperatura da água. Em Campo Bom, na altura do Balneário Chico Mendes, foram coletados os melhores resultados. À medida que as sondagens eram realizadas na parte mais baixa da bacia, em direção a São Leopoldo, a qualidade da água diminuía. Apesar disso, a quantidade de oxigênio não ficou inferior a quatro em nenhum dos pontos. “A gente esperava até encontrar parâmetros mais baixos, mas hoje a qualidade da água estava razoável”, disse Michele Silva.
Segundo a assessora de gestão ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam), Cristiane Hermann, a ação deve se repetir a partir de agora a cada 15 dias. De acordo com ela, é preciso que a fiscalização vá para dentro do rio, para assim poder realizar um monitoramento mais efetivo. Cristiane explica que, se as amostras apresentarem resultados com indicadores ruins, a equipe vai investigar a origem do problema.
Navegação
Conforme presidente do Comitesinos, Adolfo Klein, há três anos, quando foi realizada a última medição, a classificação da água do Rio dos Sinos era de número 4. Ou seja: a água é destinada somente à navegação e à harmonia paisagística. Ou seja, não aparece como apropriada para consumo humano. “Era a pior classificação”, destaca Klein.
O presidente do Comitesinos crê que hoje nem tudo no rio está ruim, pois algumas ações são desenvolvidas para a melhora. Quando o monitoramento era realizado, lembra Klein, a medição ocorria a cada três meses e em oito pontos – desde a nascente até a foz. Agora, o Comitesinos quer incluir mais sete afluentes, totalizando assim 15 pontos de controle.
A data
O Dia Estadual de Preservação e Conscientização da Importância da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos foi criado pela Lei Estadual 12.171/2004. A data foi escolhida por ser o aniversário do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), criado em 1988.
Programação
Novo Hamburgo – A celebração denominada Mobilização Social e Educação Ambiental em prol do Rio dos Sinos, ocorre hoje, às 9 horas, no Balneário Municipal Victor Mateus Teixeira, a Prainha. Haverá mutirão de reposição de mata ciliar, oficina de capoeira, uma atividade referente à dengue, semeadura de nativas, trilha na mata ciliar. A promoção é da Prefeitura, por meio do Comitê Gestor de Educação Ambiental de Novo Hamburgo e Programa VerdeSinos.
Estância Velha – A diretora de Educação Ambiental do Centro Municipal de Educação Ambiental – Estação Ecologia, Gilceane Nunes Marmitt, informa que, a partir das 14 horas de hoje, em uma propriedade rural na nascente do Arroio Estância Velha, no bairro Floresta, serão desenvolvidas atividades coma participação de professores e alunos do Projeto Peixe Dourado.
Sapiranga – Hoje pela manhã, o Centro Municipal de Estudos Ambientais (Cemeam) realiza a revitalização e a proteção de uma nascente em área de preservação dentro do próprio Cemeam, também sendo realizada uma trilha ecológica para conhecer os recursos hídricos e os ecossistemas aquáticos do local. Participarão destas atividades, alunos de 4º e 5º ano da Escola Oscar Felix.
Encontro com o martim pescador, a ave-símbolo do Sinos, marcou as duas horas e meia de viagem no Rio dos Sinos
Foram duas horas e meia dentro de um barco que andava pelas águas do Rio dos Sinos. Durante a viagem ensolorada, três encontros chamaram a atenção. O primeiro foi com o martim pescador, a ave-símbolo do Sinos. O passarinho, com tom azul, deu um rasante bem na nossa frente, gesto que foi repetido por outras aves da mesma espécie em outros momentos.
A segunda situação foi a retirada de areia, realizada por três dragas ao longo do trajeto. A terceira surpresa foi proporcionada por um tachã, sentado sobre um toco que, ao notar a presença do barco, alçou voo, bem diante dos nossos olhos. Havia lixo? Sim, mas em quantia inferior a outros passeios. Talvez porque o rio estivesse cheio.
Enquanto que em Campo Bom a água era mais limpa e fácil de navegar, as margens estão em processo acelerado de erosão por falta da mata ciliar. A partir de Novo Hamburgo, as margens estão mais preservadas, mas a água é turva, suja e com forte cheiro de esgoto. Apesar de não receber o cuidado que merece, assim como o rio é repleto de curvas, ainda está repleto de vida.
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