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Até o carvão "mais eficiente" impede o alcance das metas climáticas globais, diz relatório

Enquanto o mundo se une em prol da diminuição da emissão de gases de efeito estufa, lutando para manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2° C acima dos níveis pré-industriais

Enquanto o mundo se une em prol da diminuição da emissão de gases de efeito estufa, lutando para manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2° C acima dos níveis pré-industriais, um novo relatório desenvolvido pela Ecofys, empresa líder no mundo nas áreas de energia renovável e eficiência em carbono, e encomendado pelo WWF, mostra que a geração de energia a carvão – seja ela qual for – impossibilitaria chegar ao resultado acordado internacionalmente.

“O futuro de usinas de energia movidas a carvão, mesmo das mais eficientes, mostra-se sombrio devido às reduções de emissões drásticas de CO2 que são necessárias no setor de energia para limitar o aumento da temperatura média global a muito abaixo de 2° C, buscando manter o limite de 1,5° C, conforme acordado em Paris”, comentou David de Jager, consultor da Ecofys, citando dados do documento, chamado The incompatibility of high-efficient coal technology with 2°C scenarios.

“Este relatório vai contra as alegações da indústria do carvão e de governos, como os de Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Austrália e Polónia, de que usinas eficientes a carvão são compatíveis com a ação climática. Está claro que em um mundo pós-Paris simplesmente não há lugar para o carvão, nem mesmo para o chamado ‘eficiente’”, disse Sebastien Godinot, economista do Instituto de Política Europeia do WWF.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões globais do setor de eletricidade precisam ser reduzidas rapidamente e ficar próximas de zero até 2050 para que a temperatura permaneça bem abaixo dos 2° C.

Mesmo se todas as usinas de carvão utilizassem a tecnologia mais eficiente disponível – a chamada tecnologia de alta eficiência com baixas emissões (HELE) – as emissões do setor ainda seriam superiores a estes níveis, afirma o estudo da Ecofys.

Para o WWF, os governos precisam acabar com o apoio financeiro público para o carvão imediatamente e eliminar todas as usinas de carvão até 2035 na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e até 2050 globalmente para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. A conclusão teve como base uma avaliação de cenários do IPCC e da IEA. Atualmente, 2.300 novas usinas de carvão (com 1.400 GW de capacidade) estão previstas em todo o mundo.

Cenário nacional

No Brasil, o carvão corresponde a cerca de 3% da oferta nacional de energia, sendo mais de 40% deste número destinado à produção de eletricidade. Apesar de a porcentagem geral ser pequena, especialmente se comparado a outras nações, o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, André Nahur, afirma que é preocupante o fato de que as termelétricas têm aumentado cada vez mais sua participação na matriz energética nacional, mencionando, ainda, o efeito que o aumento da concentração de gases de efeito estufa tem no cenário global.

“O ano de 2015 foi o mais quente da história e a previsão é de que 2016 reclame esse título. Mês após o mês, temos visto novos recordes de temperatura e as consequências estão no nosso dia a dia, com o aumento da incidência e da intensidade de eventos extremos”, citou Nahur.

Ele relembra que as secas dos últimos anos têm impactado no rendimento das hidrelétricas e resultado em um uso maior mais as termelétricas, o que classifica como “uma energia ultrapassada, cara e ainda com altas emissões de gás de efeito estufa”.

O especialista acrescenta que a transição da energia fóssil para renovável traz vantagens econômicas para o país, além da própria diminuição de gases de efeito estufa. “Um exemplo é que, com um investimento de cinco anos em energia solar, o Brasil é capaz de acabar com a dependência de energia fóssil para complementar a matriz elétrica, gerar empregos e ainda economizar cerca de R$ 186 bilhões nos vinte anos seguintes”, comentou. 

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