Detecção de zika no líquido amniótico feita por Fiocruz sai em revista médica

A descoberta feita pelo Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz) de que o zika vírus é capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o líquido amniótico, fluido que envolve o feto durante a gravidez, foi publicada nesta quarta-feira (17) na revista científica “The Lancet Infectious Diseases”.

A descoberta feita pelo Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz) de que o zika vírus é capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o líquido amniótico, fluido que envolve o feto durante a gravidez, foi publicada nesta quarta-feira (17) na revista científica “The Lancet Infectious Diseases”.

Os resultados, obtidos por meio de testes feitos no líquido amniótico de duas gestantes que tiveram contato com o zika vírus e cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia por exames de ultrassonografia, foram divulgados pela primeira vez em novembro de 2015. Na época, eles ajudaram a fortalecer a hipótese de que o surto de casos de zika estava relacionado ao aumento de casos de microcefalia no país.

Segundo a pesquisadora Ana de Filippis, principal autora do artigo, o estudo demonstra que o vírus pode atravessar a barreira da placenta e potencialmente infectar o feto.

“Em termos científicos, a descoberta é extremamente relevante. Foi a primeira vez no mundo que se detectou a presença do zika em líquido amniótico”, disse Rodrigo Stabeli, vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em novembro.

Ele explica que, como o vírus é muito novo em termos epidemiológicos (os primeiros casos no Brasil foram identificados em abril de 2015), ainda não se sabia se ele teria a capacidade de atravessar a barreira placentária durante a gestação. “A placenta é uma barreira natural que previne infecções por vírus e bactérias. Os testes mostraram que o zika tem a capacidade de atravessar essa barreira importante e se concentrar no ambiente gestacional no interior da placenta.”

Zika vírus e microcefalia – Com esse resultado, é possível afirmar que a microcefalia aconteceu concomitantemente à infecção do zika vírus no ambiente em que o feto está sendo gerado. “Como esse vírus tem uma manifestação importante no sistema nervoso, isso é uma forte evidência de que o vírus possa estar relacionado com a microcefalia, mas ainda é preciso olhar para mais casos e explorar novas correlações para confirmar esse achado”, observa Stabeli.

Segundo Stabeli, a descoberta também ajuda na compreensão da biologia e do desenvolvimento do vírus e traz informações importantes que podem ser usadas no combate das infecções virais por zika.

Outro achado interessante foi que, nas duas gestantes, o vírus não estava mais presente em amostras de sangue e de urina, o que significa que o vírus, além de ter entrado no ambiente placentário, tinha conseguido permanecer neste ambiente enquanto já tinha sido eliminado no resto do organismo da gestante.

Método de detecção – Para confirmar a presença do zika no líquido amniótico, as amostras coletadas nas gestantes foram submetidas a um método chamado PCR (sigla para reação em cadeia da polimerase, em inglês). Essa técnica permite amplificar o material genético do vírus presente na amostra, para que ele se torne detectável. Em seguida, foi feito um sequenciamento parcial do genoma do vírus, o que permitiu identificar que trata-se do zika originário da Ásia, e não da África.

Fonte: G1

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