A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou nesta terça-feira (1º) que o Brasil cumprirá sua meta de redução na emissão de gases do efeito estufa para 2020 mesmo que a produção de CO2 do Brasil volte a crescer e esteja em ascensão em 2020.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou nesta terça-feira (1º) que o Brasil cumprirá sua meta de redução na emissão de gases do efeito estufa para 2020 mesmo que a produção de CO2 do Brasil volte a crescer e esteja em ascensão em 2020.
Em sua primeira entrevista coletiva após o anúncio do aumento de 16% no desmatamento no Brasil no período 2014/2015, Izabella disse que não está preocupada com a capacidade de cumprir compromissos assumidos pelo Brasil para as emissões no período.
“Por todas as informações que nós temos, posso afirmar que nós vamos atingir nosso objetivo, sem problemas, mesmo considerando o aumento de desmatamento que anunciamos”, afirmou a jornalistas na COP21, a cúpula do clima de Paris. A ministra é chefe da delegação do Brasil na negociação do novo acordo global do clima.
As emissões do país para transporte e geração de energia, porém, têm crescido consistentemente na última década, enquanto os níveis de desmatamento caíram após 2005, mas ainda estão estagnados em torno dos 5.000 km². Se essa tendência for mantida, as emissões brasileiras voltarão a crescer a partir do ano que vem, e entrarão 2020 subindo.
O país ainda tem margem de manobra para cumprir a promessa que assumiu em 2009, que era a de reduzir ao menos 36% das emissões previstas para ocorrer em 2020 caso nada fosse feito para reduzi-las. Isso significa chegar lá emitindo 2 bilhões de toneladas de CO2. No fim desta década, para cumprir a promessa, o país poderia ainda quase dobrar suas emissões, porque a queda brusca no desmatamento reduziu as emissões do país a 1,2 bilhões de toneladas.
O governo não cogita um aumento de emissão tão grande em cinco anos, mas não descarta que algum aumento ocorra. Mantida a tendência seria algo em torno de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 em 2025, ainda dentro da margem prometida.
Mesmo com tendência de alta, Izabella defende a política de emissões do Brasil, citando a promessa que o país fez para 2030, contida no documento conhecido por diplomatas da convenção do clima como INDC (Contribuição Pretendida Nacionalmente Determinada). Essa promessa, fechada na fase de preparação para a COP21, indica que o país teria de emitir nesse ano cerca de 1,16 bilhões de toneladas, praticamente o mesmo nível de 2012.
O fato de deixar o nível de emissões subir até 2025 para voltar em 2030 ao mesmo nível de 2012 não é um demérito, afirma Izabella.
“O Brasil está sendo o país mais ambicioso em termos de INDC e apresentamos a proposta mais robusta”, disse Izabella.
Questionada sobre se essa afirmação continua válida com o país aumentando emissões por volta de 2020, a ministra manteve a posição: “Isso não será problema, nós vamos cumprir a meta.”
Meta do desmate – O Brasil ainda não conseguiu chegar ao nível de cumprir, porém, uma das cláusulas da promessa feita em 2009: derrubar a área do desmatamento para menos de 4.000 km². Há cinco anos, os números do desmatamento se estagnaram em torno dos 5.000 km², e ainda não há uma explicação simples sobre por que essa redução adicional é tão difícil.
O aumento do desmatamento no último ano se concentrou em três estados – Mato Grosso, Rondônia e Amazonas – e Izabella diz que motivos diferentes estão por trás da devastação em cada um deles. Mato Grosso teve um problema de ordem judiciária, com autorizações de desmate sendo concedidas indevidamente. Em Rondônia, o governo local acenou com a demarcação de áreas de proteção estaduais, abrindo mais áreas para desmate. No Amazonas, a fronteira agrícola finalmente estaria começando a pressionar mais o sul do estado.
Izabella, porém, disse que não teme que o desmatamento volte a crescer substancialmente em razão dessa nova dinâmica e comprometa o cumprimento da meta assumida para 2020.
“Eu telefonei para os governadores e conversei sobre isso”, afirmou. “Não estou com medo disso, porque isso foi em só um ano. Tenho certeza que podemos reduzir.”
Fonte: G1
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