Nove de cada dez desastres naturais estão relacionados com a mudança climática, segundo os dados apresentados nesta quinta-feira (11) pelo Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres e pelo Centro de Pesquisa da Epidemiologia dos Desastres.
Nove de cada dez desastres naturais estão relacionados com a mudança climática, segundo os dados apresentados nesta quinta-feira (11) pelo Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres e pelo Centro de Pesquisa da Epidemiologia dos Desastres.
“Atravessamos o ano mais quente jamais registrado. Cerca de 98,6 milhões de pessoas se viram afetadas por desastres em 2015 e o clima, ajudado por um forte fenômeno de El Niño, foi um fator em 92% dos casos”, disse o diretor desse organismo das Nações Unidas, Robert Glasser.
O impacto mais evidente foi observado nas 32 maiores secas registradas no ano passado, mais que o dobro da média anual de 15 na década anterior. Essas secas afetaram 50,5 milhões de pessoas, especialmente na África.
“As secas piorarão em 2016. Neste ano vamos enfrentar um desastre humanitário por esta razão, com êxodos de população e migrações”, previu a diretora do Centro de Pesquisa da Epidemiologia dos Desastres, Debarati Guha-Sapir, em entrevista coletiva.
Os dados expostos na quinta-feira revelam também que o impacto dos desastres nem sempre está determinado pelo tamanho ou pela demografia dos países.
Isso é evidenciado pelo fato de a Guatemala estar no quinto lugar entre os dez países com mais mortos por causa de desastres naturais, com 627 pessoas que morreram em deslizamentos de terra.
Esse mesmo país se encontra no nono lugar pelo número de afetados por esse desastre natural, um total de 2,8 milhões de pessoas.
Guha-Sapir explicou que na Guatemala, como ocorre no resto da América Central, as populações pobres vivem em áreas inclinadas, “portanto quando caem fortes chuvas ocorrem estes desprendimentos de lodo”.
A localização de bairros nessas áreas é desaconselhada do ponto de vista do planejamento urbano, acrescentou o especialista.
Por sua parte, o Chile foi o sexto país que mais perdas econômicas sofreu por desastres naturais – entre inundações e um terremoto que esteve acompanhado de um tsunami -, que se elevaram até cerca de US$ 3,1 bilhões, segundo números apresentados pela ONU.
Os terremotos, embora não sejam os mais frequentes, são a ameaça natural mais mortal, como o que aconteceu no Nepal, que causou 8.831 mortes.
“Isto mostra a importância de garantir o cumprimento dos códigos de edificação. Os edifícios são os que matam as pessoas nas zonas sísmicas, como voltamos a ver no fim de semana em Taiwan”, ressaltou Glasser.
Pelo número de afetados, as inundações ocuparam o segundo lugar de importância, com 27,5 milhões de pessoas afetadas em 152 episódios no mundo todo.
As tempestades – intensificadas pelos transtornos sofridos pelo clima devido ao aquecimento do planeta – constituíram o terceiro tipo de desastre que mais gente afetou: 10,5 milhões de pessoas.
As temperaturas extremas foram outra categoria de desastre particularmente grave em 2015, sobretudo as ondas de calor.
“Vários países da Europa enfrentaram limites de calor com números significativos de vítima mortais, sobretudo na França, enquanto Índia e Paquistão experimentaram ondas de calor que estiveram entre as mais graves dos últimos tempos”, relatou Guha-Sapir.
“A mortalidade pelas ondas de calor está muito subestimada”, opinou o especialista.
Fonte: Terra
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