Um grupo de cientistas faz estudos aprofundados em Mato Grosso. Nesse trabalho pioneiro no Brasil os pesquisadores pretendem buscar informações como o impacto das queimadas na floresta e o comportamento do fogo no meio da mata.
Um grupo de cientistas faz estudos aprofundados em Mato Grosso. Nesse trabalho pioneiro no Brasil os pesquisadores pretendem buscar informações como o impacto das queimadas na floresta e o comportamento do fogo no meio da mata.
As labaredas provocam mudanças físicas e químicas nas árvores. O biólogo Paulo Brando coordena um projeto que há 12 anos estuda as queimadas e seus efeitos para a natureza. O trabalho é realizado por cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam, uma organização não governamental.
Os estudos ocorrem na Fazenda Tanguro, em Querência, no Mato Grosso, e, muitas vezes, se baseiam em colocar fogo na mata, um método que, à primeira vista, pode parecer estranho. “Pra gente saber o que está sendo perdido, a gente precisa queimar e saber quais são os impactos desse fogo”, diz Brando.
As queimadas só são feitas com autorização dos órgãos ambientais e seguem metodologia científica. Antes do fogo, os pesquisadores fazem o mapeamento da área. Eles avaliam quantidade e porte das árvores e registram características de galhos, folhas.
O mapeamento conta com equipamentos sofisticados. Um deles gera imagens da área e está sendo usado pela primeira vez no Brasil com ajuda de um cientista ambiental da África do Sul, que colabora com o projeto. Esse tipo de mapeamento, ultra preciso, também é realizado na mesma área depois da queimada.
Na hora da queimada, o comportamento das chamas como comprimento, velocidade, altura, é informação fundamental.
Depois de 24 horas, a área queimada fica coberta de cinzas. Uma árvore ficou destruída, mas não caiu porque foi segura pelos galhos de outra árvore.
O biólogo ressalta que um dos maiores impactos das queimadas é a redução da biodiversidade. Na Amazônia, a flora e a fauna são riquíssimas. Cada hectare de floresta abriga milhares de espécies diferentes.
A fumaça e a emissão de gases são grande preocupação dos cientistas. Queimar a floresta significa contribuir para o aquecimento global. As pesquisas na fazenda Tanguro mostram que as matas atingidas pelo fogo continuam agonizando por muito tempo.
A agonia da mata gera o que os cientistas chamam de ‘savanização’. Nos anos seguintes à queimada, a floresta fica mais aberta e mais seca. Aos poucos, ela vai sendo invadida por espécies de fora como o andropógon, um capim de origem africana muito usado nas fazendas da região.
Fonte: G1
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