Nesta quinta-feira (8), primeiro dia do evento realizado em Canela contou com painéis sobre experiências bem-sucedidas em cidades brasileiras e alemã
Compartilhar iniciativas bem-sucedidas na área do saneamento básico para instigar as discussões e contribuir com o avanço da prestação serviço na Região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. Esse é o objetivo do Congresso de Saneamento Básico do Pró-Sinos, que teve início nesta quinta-feira (8), em Canela. O evento faz parte das atividades alusivas aos 15 anos do consórcio e contou com a presença de profissionais da área ambiental dos municípios consorciados, além de pesquisadores e interessados no tema.
“A programação traz uma discussão do ponto de vista prático, com cases de sucesso que podem servir de inspiração, com ideias e soluções que poderão ser replicadas nas nossas cidades nos quatro eixos do saneamento. Com o advento do Novo Marco Legal do Saneamento, o saneamento não depende mais da sensibilidade ou da vontade do gestor, mas é um tema presente na agenda política do país e monitorado pelos órgãos de controle”, destacou o presidente do Pró-Sinos e prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal, acompanhado do prefeito de Canela, Constantino Orsolin e do prefeito de São Leopoldo e membro da diretoria do consórcio, Ary Vanazzi.
O primeiro painel foi apresentado pelo professor alemão, Stephan Treuke, que atua na Zukunftsinitiative Klima.Werk e na Emschergenossenschaft, instituição que, como o Pró-Sinos, atende a diversos municípios. Ele apresentou o projeto de revitalização do Rio Emscher, na região de Ruhr, na Alemanha. O trabalho durou três décadas e garantiu a despoluição total do rio, que sofria com alta contaminação ambiental. A solução técnica encontrada para tornar o rio livre de esgoto foi a criação de um canal subterrâneo, além de quatro estações de tratamento de esgoto, o que modificou a paisagem da região, com áreas de lazer e turismo.
O encontro contou ainda com um painel sobre recuperação energética de resíduos, com o presidente executivo da Associação Brasileira de Recuperação Energética (ABREN), Yuri Schmitke. “Nossa legislação determina que só o rejeito seja enterrado. O restante tem de ser reciclado. O Brasil tem uma grande oportunidade”, destacou. A universalização do esgotamento sanitário na Região Metropolitana de Porto Alegre também foi pauta do congresso, na fala do diretor-presidente da Ambiental Metrosul, Angelo Mendes. A empresa atende nove cidades da Grande Porto Alegre em parceria com a Corsan, totalizando 1,7 milhão de pessoas alcançadas.
Entre os municípios que obtiveram bons resultados na área do saneamento, Maringá é um dos exemplos. Representando a prefeitura, a diretora-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá, Bruna Barroca, mostrou que a cidade paranaense tem o planejamento como segredo de seu avanço na área de infraestrutura, um dos elementos importantes para garantir a ela o título de Eleita Melhor Cidade para Viver no país em 2017, 2018 e 2021.
Já o diretor de Operações da SBR, Pedro Henrique Serapião, compartilhou o case de Jundiaí (SP), que é destaque na gestão de resíduos de construção e demolição. Lá, a fiscalização, a instalação de ecopontos e pontos de entrega voluntária fazem parte da estratégia que garante a reciclagem de 100% dos resíduos da construção civil, mostrando que a prática gera ganho ambiental e é economicamente viável.
Para discutir sobre a concessão do serviço público de manejo de resíduos sólidos urbanos, foram convidados o coordenador de projetos da Caixa, Miqueias Assunção de Castro, e o assessor técnico Silvano Costa, do Ministério da Economia. Um dos exemplos citados foi o início da concessão pioneira que o Pró-Sinos está desenvolvendo junto com a Caixa na área de resíduos sólidos – um dos 23 projetos selecionados pelo banco em edital com 41 propostas de consórcios públicos. Na sequência, as oportunidades de financiamento na área do saneamento básico foram abordadas pela coordenadora de filial na Gerência Executiva de Governo da Caixa em Porto Alegre, Graça Cristina Freire de Campos, e pelo gerente da agência Canela e São Francisco de Paula do Sicredi, Everton de Castro.
O primeiro dia do congresso encerrou com o painel sobre os impactos das mudanças climáticas no saneamento básico das cidades, apresentado pelo secretário-executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Corradi. Ele apresentou sinais de alerta para a crise climática nas cidades, como chuvas fortes, inundações, deslizamento de terra, escassez de água, perda de espécies, secas prolongadas, ondas de calor mais frequentes, aumento do nível do mar, além de problemas de saúde. Associação de governos locais pela sustentabilidade, o ICLEI foi criado na década de 1990. Entre várias frentes, atua para criar inovação no ambiente da sustentabilidade.
Nesta sexta-feira (9), segundo dia do congresso, está previsto um painel com os candidatos ao Governo do Estado do RS. Durante cerca de três horas, eles apresentarão suas visões a respeito dos desafios na área do saneamento e suas propostas. Estão previstos ainda painéis sobre o Novo Marco do Saneamento e Regulação, Perspectiva de Universalização do Saneamento Básico no RS, Alternativas para Concessão de Serviços Públicos de Saneamento e Estratégias para o Atendimento do Novo Marco Legal do Saneamento, com a participação da AGERGS, ANA, SEMA, USP (FDRP), CORSAN, COMUSA e SEMAE.