Após 4 meses da tragédia, ainda há lama sendo despejada no Rio Doce

Quatro meses depois do rompimento da barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, que destruiu distritos e afetou mais de 30 cidades ao longo do Rio Doce, ainda há lama sendo despejada na região.

Quatro meses depois do rompimento da barragem de Fundão, da Mineradora Samarco, que destruiu distritos e afetou mais de 30 cidades ao longo do Rio Doce, ainda há lama sendo despejada na região.

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tem colhido amostras pra avaliar a turbidez que indica a presença de partículas em suspensão na água. A última análise é do dia 25 de fevereiro.

O Rio Piranga, que junto com o Rio do Carmo formam o Rio Doce, não recebeu rejeitos de minério. O índice está dentro do limite considerado normal. Mas no Rio do Carmo, a turbidez chega a ser 23 vezes maior do que o padrão recomendado.

Nos rios mais próximos da barragem que se rompeu e que passam pelos vilarejos destruídos pela lama, os moradores ainda não sabem quando a água vai voltar a ser como era antes da tragédia.

“Tem dia que a cor dele tá meio assim, marrom. Mas o dia que tem lama, ele fica barrento mesmo”, disse Heloísa Carneiro, moradora de Gesteira, distrito de Barra Longa, uma das cidades mais afetadas pela tragédia.

De acordo com o Ibama, ainda há lama sendo lançada nos rios pelo vertedouro da barragem de Santarém, atingida pelo rompimento de Fundão.

“É evidente que o pior dano já se materializou. É impossível admitirmos que quatro meses depois do rompimento a lama continue a ser levada à nossa bacia do rio doce de uma maneira a incrementar o dano já materializado. Tem que ser dada uma solução mesmo que a Samarco diga quanto tempo vai levar pra fazer isso, mas é preciso apontar os caminhos e garantir que haverá interrupção desse lançamento”, disse o promotor de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público, Carlos Eduardo Ferreira Pinto.

A Samarco afirmou que está plantando gramíneas pra conter os rejeitos nas margens dos rios e que construiu três diques logo abaixo das barragens. Eles são uma espécie de barreira para segurar a lama. Mas não conseguem impedir a passagem de todos os resíduos.

“O material mais denso, mais pesado, está contido. O que tá saindo, o que tá vertendo, o que tá saindo é o material mais fino, partículas menores, que é mais difícil você conter. É o que nós chamamos material coloidal, fica praticamente coloidal, é o que dá a coloração à cor da água e dificulta a penetração da luz solar”, disse a analista ambiental do Ibama, Ubaldina Maria da costa Isaac.

A lama aumenta a turbidez da água, que impede a passagem de luz e a recuperação da vida nos rios.

A Samarco disse que monitora diariamente a Bacia do Rio Doce e, que a qualidade da água vai melhorar com o fim do período chuvoso porque o volume de resíduos tóxicos que escapa das barragens também vai diminuir.

Fonte: G1

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